RODA-do-PERU
Glu, glu, glu !
Grugulejar do peru.
Não há discordância para a assertiva de que, ser convidado para ingressar na Maçonaria , é uma honra. A vida do Maçom tem de ser impoluta. Esse é o preço, e a honra, de ser Maçom. Porém, nem todo mundo tem esse privilégio !
Quando se convida alguém a fazer parte da Sublime Ordem, quem o faz já o observou de diversas maneiras quanto à sua postura, comportamento, modo de se apresentar e agir, e boa formação moral para que venha a ser um igual. Se ao ser convidado demonstrou interesse, pesarão seus valores em relação aos motivos que o levam a pretender entrar na Maçonaria.
Não é qualquer amigo, conhecido ou parente que pode ser convidado para ser Maçom. Quando o indivíduo recebe o convite, e se mostra interessado, inicia-se o processo que culminará com a sua iniciação ou não: o convidado terá de apresentar documentação que comprove sua idoneidade, reputação ilibada, além de ser “livre e de bons costumes”, como reza um dos postulados Maçônicos (o desaparecimento da servidão não acarretou a eliminação dessa fórmula, mas ela assumiu um significado moral.). É exigido, da pessoa que está interessada em ser admitida na Maçonaria, possuir pelo menos instrução indispensável para compreender os ensinamentos Maçônicos. Haverá investigações e sindicâncias para completar o processo para a Iniciação a se efetivar. A regra na admissão é essencial da Maçonaria, que perdura desde os tempos imemoriais, e, a própria transcrição contém a sua justificação não podendo caracterizar desídia em hipótese nenhuma. Os Landmarks (um guia de normas, em número de 25, que faz parte do Direito Consuetudinário) são, também, um dos parâmetros e base para avaliar candidatos, principalmente o 19º.
Independente desse processo regulamentar das potências e obediências Maçônicas, há Lojas que, antes do convite oficial, promove um encontro familiar na casa de um dos Obreiros da Loja, onde outros Irmãos com as cunhadas (esposas) receberão o possível candidato com sua esposa, caso seja casado, para ser interpelado num tipo de sabatina. A intenção é conhecer melhor o convidado e saber dele se se enquadra nos preceitos da Maçonaria, inclusive da própria Loja. Ao mesmo tempo, o convidado irá tirar suas dúvidas quanto à entidade que pretende entrar, e, para que sua esposa entenda, também, sobre as futuras atividades do seu marido. Assim, os Obreiros terão uma visão geral das condições e atributos do Postulante, e, a este, foi adiantado algumas informações sobre os princípios que regem a Sublime Ordem. Só então, o grupo decidirá sobre o convite que será feito oficialmente. Nesse momento, antes de receber o convite oficial, ele ainda é um Postulante. Após o convite oficial ele será um Candidato. Depois transformar-se-á em Recipiendário ou Aspirante e, ao ser iniciado, em Neófito. É nessa ordem ascendente que é consignado o possível novo Maçom.
A reunião, na casa de um Irmão da Loja, é bem informal, intercalando-se perguntas e questionamentos sobre a vida do Postulante, tanto na formação cultural, como Profissional, pessoal, e espiritual. É inquirido sobre o seu passado. Há necessidade de se saber sobre seu relacionamento familiar, procedimento com os colegas de trabalho, situação econômica, disponibilidade financeira e tempo para acompanhar as atividades que advirão depois de Iniciado. Pesa muito o quesito “livre e de bons costumes”, pois, desde que se verifique ser portador de uma tendência ativa para a prática das virtudes e o gozo da liberdade de consciência, entende-se, com segurança, que se trata de um individuo com essas qualidades; prevê-se que sua atividade moral equivale à aptidão, para impor a si próprio uma regra de conduta apreciável, libertadora de erros e de vícios.
Convencionou-se chamar esse colóquio de RODA-do-PERU, em virtude do Postulante, normalmente, ficar no centro de uma roda de Maçons dirigindo-lhe a palavra.
Inúmeras são as Lojas que adotaram a RODA-do-PERU, que permite filtrar melhor as informações de um possível candidato, alem de vários elementos da Loja conhecerem, pessoalmente o Candidato antes da possível Iniciação. Raramente, um Candidato tem bola negra de reprovação na sua votação quando passou pelo crivo da RODA-do-PERU. Essa prática tem ajudado as Lojas, que no afã de aumentar o seu quadro, para engrossar as Colunas, acabam adquirindo Obreiros que venham a decepcionar posteriormente, quando não a aplicam. Independente da sua nomenclatura, RODA-do-PERU, é um expediente que todas as Lojas poderiam adotar.
A cerimônia de Iniciação é um rito de passagem: a transferência de um estado vulgar para uma fase mais elevada. É o começo de uma longa jornada. Após sua Iniciação estará, para todo o sempre, sob constante vigilância de sua própria consciência e dos seus pares. A disciplina na qual ele será submetido o favorece à uma reflexão e lhe permite extrair o máximo de ensinamentos durante as reuniões da Loja nas quais estará presente. Encontrará um ambiente propício de uma oficina Maçônica, onde receberá a inspiração da filosofia ali difundida, para que possa direcionar seus esforços de forma efetiva em prol da construção de um mundo melhor. Empenhado numa jornada que é ao mesmo tempo pessoal e coletiva, o Aprendiz progredirá ao longo do caminho iniciático ascendendo aos diferentes graus conferidos pela Sublime Ordem.
Depois de galgar todos os degraus da Ordem e chegar à plenitude Maçônica, o Maçom entenderá, orgulhosamente, o porquê da honra de ter sido convidado….
E. Figueiredo (*)
Bibliografia:
Bayard, Jean-Pierre – A Franco Maçonaria
Charlier, René Joseph – Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica
Da Camino, Rizzardo – Dicionário Filosófico de Maçonaria
Figueiredo, E. – …Entrando na Maçonaria (Artigo)
Mellor, Alec – Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons
Ritaul de Aprrendiz Maçom – GLESP
(*) E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao
CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo /
Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas /
Membro do Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos
Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos– 669 (GLESP)
“Oh ! Quam bonum est et quam jucundum, habitare fratres in unum !”