Maçonaria e Religião

De que servem tochas, luzes e óculos, quando as pessoas não querem ver claramente?

Índice

Introdução

Há tempos que uma discussão ocupa os espaços da Maçonologia, no eterno confronto de posições de estudiosos sobre se a Maçonaria é ou não uma Religião. A Instituição Maçónica declara oficialmente que a Maçonaria não é Religião, enquanto alguns não maçons e mesmo maçons de confissão religiosa cristã que se desligaram ou não da Ordem afirmam que sim.

Simpósios universitários têm sido realizados para o desvendamento desta questão, assim como maçonólogos, maçons e não maçons têm aprofundado este tema substancialmente, embora por proselitismo ou paixões as posições assumidas não se tenham modificado de forma significativa.

O nosso propósito é apresentar as posições particulares sobre a questão de a Maçonaria ser ou não uma religião, defendidas por maçons, padres e pastores protestantes. Há entre essas categorias aqueles que afirmam positiva e negativamente, indiferentes ao que a Ordem Maçónica estipula.

Iniciaremos com as posições antagónicas à Maçonaria de maçons, pastores de igrejas evangélicas e padres da igreja católica para, em seguida, continuarmos com as posições não antagónicas de maçons, pastores e padres dessas mesmas igrejas e, dessa forma delinearmos a posição primordial que deve ser retirada desses confrontos quanto ao problema.

Posições oficiais da Maçonaria

Cumpre-nos em primeiro lugar declarar que a Maçonaria é uma instituição que não dispõe na sua organização de um sistema único, universal, pelo qual todas as suas potências (grandes lojas e grandes orientes) e obediências (lojas) estejam submetidas a um governo central mundial.

Os grandes orientes dispõem de um sistema unitário de governo em que há um Grão Mestre Geral como autoridade máxima daquela potência, cuja jurisdição se dá no âmbito de cada país sendo, pois, cada Grande Oriente soberano, autónomo e independente. É o caso, no Brasil, do Grande Oriente do Brasil, em que os Grandes Orientes Estaduais são subordinados ao Poder Central. Os Grão Mestres desses Grandes Orientes Estaduais, mesmo eleito pelo povo maçónico daquele Estado, guardam obediência ao Grão Mestre Geral da Ordem, cuja sede se encontra em Brasília, no Distrito Federal. Os Grão Mestres Estaduais são autoridades máximas nos seus respectivos territórios, enquanto o Grão Mestre Geral é a autoridade máxima nacional.

Há, porém, grandes orientes que não adoptam um sistema unitário de governo, mas um sistema federativo, pelo qual cada estado ou província num país tem um grande oriente estadual ou provincial filiado a uma confederação nacional. Por este sistema, cada grande oriente é soberano, autónomo e independente e tem um Grão Mestre como autoridade máxima, mas nenhum se subordina ao órgão colegiado confederativo. É o caso, no Brasil, dos Grandes Orientes Estaduais, filiados à Congregação da Maçonaria Simbólica do Brasil – COMAB.

As Grandes Lojas adoptam um sistema também federativo. Adoptam tal sistema, por exemplo, o Brasil e os Estados Unidos da América do Norte. No Brasil, as Grandes Lojas estão filiadas à Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB, que, embora seja um colegiado constituído por todas as Grandes Lojas Estaduais, nenhuma destas guarda obediência a esse colegiado, sendo individualmente soberanas, autónomas e independentes e tendo o Grão Mestre Estadual como a sua autoridade máxima em cada uma das jurisdições .

Embora todas essas potências maçónicas sejam soberanas, autónomas e independentes, não importando qual o sistema organizativo em que se aglutina, nenhuma delas podendo interferir nas outras, há entre elas, porém, os liames das leis maçónicas universais que as unem numa só filosofia – a filosofia da fraternidade universal.

Todas são regidas pelas leis imemoriais, os antigos deveres e os Landmarks universais, cada uma com as suas constituições ou estatutos e leis regimentais próprias, adoptando ritos diferentes, tanto de natureza teísta como deísta.

Portanto, não há uma autoridade única que responda pela Maçonaria como instituição universal. Entre as potências nacionais pode haver divergências em pontos específicos, mas os princípios e postulados fundamentais são comuns a todas elas, o que garante a unidade maçónica na diversidade dos corpos simbólicos e filosóficos da Instituição.

É preciso, pois, que isto fique aqui ressaltado, para que se entenda “ab initio” de que a Maçonaria diz, por todas as potências e obediências, que ela Não é uma Religião. Imprime nos seus documentos, rituais e declarações oficiais esta posição. Os seus argumentos para tanto iremos apresentar, a título de justificativa e prova desta verdade.

Antigos deveres (Old charges)

A História da Maçonaria é dividida em dois períodos chamados operativo e especulativo. O divisor de águas entre eles é o ano de 1723 com a promulgação das Constituições de Anderson. Em 1717 tinha sido criada a Grande Loja de Londres, posteriormente Grande Loja Unida da Inglaterra com a união dos chamados maçons antigos e modernos.

As corporações medievais cristãs dos talhadores de pedras (freemasons) do primeiro período estão na origem da Maçonaria da actualidade. EsTes talhadores foram os construtores das catedrais, não havendo mais dúvidas de que a Maçonaria surgiu no seio da Igreja Católica.

Os Antigos Deveres ou Old Charges dessas corporações – regulamentos que existiam naquele período operativo – sempre iniciam com invocações a Deus, como o Estatuto dos Talhadores de Pedra de Ratisbona, de 1459, que começa assim: “Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo, da bem aventurada Virgem Maria, como também dos seus bem aventurados servos, os Quatro Santos Coroados, à sua eterna memória”. O Poema Regius, de 1390, dispõe que: “Quem conheça este ofício e adquira dignidade, amará sempre a Deus e à Santa Igreja”. O Manuscrito de Harley, de 1670, começa assim: “O Pai omnipotente do céu, com a sabedoria do glorioso Filho e pela bondade do Espírito Santo, três pessoas num só Deus, estejam connosco e nos dêem graça para dirigir a nossa conduta a fim de alcançar a duradoura felicidade. Amém”.

Landmarks

A lei maior que rege a Maçonaria é o conjunto de normas imemoriais denominado de Landmarks. Todas as potências e obediências se submetem a essas regras, as quais estão compiladas por diversos estudiosos, dos quais o mais difundido é o formulado por Albert Mackey, composto por 25 disposições.

Em todas estas compilações destacam-se as regras relativas a Deus, que se reproduzem igualitariamente em todas elas. Ressaltamos que não tratam essas regras de religião, senão sobre Deus, exclusivamente. Deste modo tem-se:

  1. Landmark n° 19, dos recolhidos por Albert Mackey: “Uma crença na existência de Deus como Grande Arquitecto do Universo, é um dos limites mais importantes da Ordem (_) a negação da existência de um Poder Supremo e Vigilante de tudo, determina uma incapacidade absoluta para a iniciação”.
  2. Primeiro Landmark, da lista elaborada por Luke Lockwood: “a crença na existência de um Ser Supremo, em alguma revelação da sua vontade”.
  3. Landmark n° 8, da lista de H. B. Grant: “Exige-se a crença incondicional na existência – e a reverência ao seu nome – de um Ser Supremo, ao qual os homens chamam Deus, e ao qual os maçons se referem como Grande Arquitecto do Universo”.
  4. Primeiro Landmark, de John W. Simmons: “A crença na existência de um Ser Supremo…”.
  5. Primeiro Landmark, de Roscoe Pound: “A crença em Deus”.
  6. Landmark n° 2, da classificação de Enrique A. Lecerff: “Os seus princípios são a Moral Universal e a Lei Natural ditadas pela Razão e definidas pela Ciência; reconhece um Ser supremo; não admite outra diferença entre os homens, que não o mérito e o demérito; a ninguém reprova por suas crenças ou opiniões e não admite debates acerca de religião e política”.
  7. Landmark n° 3, da classificação de Albert Pike: “Todos devem crer no Grande Arquitecto do Universo e numa vida futura”.
  8. Landmark n° 5, da classificação de Jean-Pierre Berthelon: “La croyance en l’existence de Dieu”.
  9. Landmark n° 1, da classificação de Joaquim Gervásio de Figueiredo: “O primeiro e fundamental Landmark é a crença em Deus como sendo o Grande Arquitecto do Universo, o Ser que “poderosa e suavemente ordena todas as coisas”, e que, oe seu elevado plano, governa o Seu universo e lhe infunde a Sua Vida”. E número 2: “A crença de que Deus Se expressa no Seu universo como Sabedoria, Força e Beleza”.

Constituição de Anderson

Em termos de hierarquia das leis, a Constituição de Anderson ocupa o lugar imediato abaixo dos Landmarks. Promulgada em 1723 e reformada em 1815, a Constituição é o primeiro documento oficial que aborda a questão da religião.

Com a fundação da primeira Grande Loja do Mundo, os pastores protestantes James Anderson (presbiteriano) e John Theophile Désagulièrs (anglicano) elaboraram o documento fundamental da Maçonaria a que se chamou de Constituições de Anderson, que impera até os dias actuais. Na sua primeira edição, os preceitos relativos a Deus e à Religião estão assim dispostos:

O Maçom está obrigado, por seu título, a praticar a moral; e, se compreender os seus deveres, jamais se converterá num estúpido ateu nem em irreligioso libertino. Apesar de, nos tempos antigos, os Maçons estarem obrigados a praticar, em cada país, a religião local, tem-se como mais apropriado, hoje, não lhes impor senão a religião sobre a qual todos os homens estão de acordo, dando-lhes total liberdade com referência às suas próprias opiniões particulares. Esta consiste em serem homens bons e sinceros, homens honrados e justos, seja qual for a denominação ou crença particular que eles possam ter. Donde se conclui que a Maçonaria é um Centro de União e o meio de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas que, de outra maneira, ficariam perpetuamente separadas. (Edição de 1723).

Como resultado da fusão da Grande Loja dos maçons “Modernos” com a Grande Loja dos maçons “Antigos”, a qual deu origem à Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1813, a disposição sobre os preceitos relativos a Deus e à Religião constante da Constituição de Anderson foi modificada, adoptando-se nova redacção a seguir:

Um Maçom é obrigado, por seu título, a obedecer à lei moral e, se compreender bem a Arte, nunca será ateu estúpido, nem libertino irreligioso. De todos os homens, deve ser o que melhor compreende que Deus enxerga de maneira diferente do homem, pois o homem vê a aparência externa ao passo que Deus vê o coração. Seja qual for a religião de um homem, ou a sua forma de adorar, ele não será excluído da Ordem, se acreditar no glorioso Arquitecto do Céu e da Terra e se praticar os sagrados deveres da moral. (Edição de 1815).

Esta disposição legal faz cair por terra toda e qualquer pretensão de se ter a Maçonaria como uma religião. À época da sua elaboração ocorriam, como ainda ocorrem hoje, querelas político-religiosas na Inglaterra, Irlanda e Escócia. O rei Jorge I, de linha protestante, tinha assumido o trono inglês, enquanto os Stuarts, de linha católica, se encontravam refugiados fora dos domínios britânicos e articulavam a retomada do poder.

Hannoverianos (protestantes) e jacobitas (católicos) viviam em constantes refregas, razões mais que suficientes para os mentores daquele documento buscassem afastar os maçons daqueles conflitos. Quiseram assim, criar um ponto de encontro (centro de união) no qual os homens de credos diferentes pudessem trabalhar fraternalmente. Homens honrados, livres, justos, tolerantes e operosos, não importando as suas crenças religiosas, estariam unidos estudando e trabalhando para o bem comum da sociedade.

Grande Loja Unida de Inglaterra

A Grande Loja Unida da Inglaterra, em Declaração de 1985 estabeleceu 8 pontos de regularidade maçónica que necessária e obrigatoriamente devem ser obedecidos por qualquer potência maçónica para que possa obter o seu reconhecimento. Dentre estes, 4 dizem respeito a Deus e à Religião. São estes:

  1. A crença no Grande Arquitecto do Universo e na sua Vontade Revelada é uma condição essencial para a admissão de cada membro.
  2. Todos os Iniciados prestam o seu Juramento sobre, ou na presença de um Volume aberto da Lei Sagrada; o que significa que a revelação do Alto liga a consciência daquele que é iniciado.
  3. As três Grandes Luzes da Maçonaria: o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso serão sempre expostos durante os Trabalhos da Grande Loja ou das Lojas da sua Obediência. A mais importante das três é o Volume da Lei Sagrada.
  4. Toda discussão religiosa ou política será absolutamente proibida no interior das Lojas.

O Livro da Lei é o volume que, pela religião do país, acredita-se conter a vontade revelada do Grande Arquitecto do Universo. A Maçonaria não tenta interferir com a fé religiosa em particular dos seus discípulos, excepto na medida em que se relaciona com a crença na existência de Deus e o que resulta necessariamente dessa crença. O Livro da Lei é para o maçom especulativo a sua verdade espiritual e constitui a sua regra e guia de conduta. O Landmark, portanto, requer que um Livro da Lei, um código religioso de algum tipo como a vontade revelada de Deus, faça parte do ornamento de cada Loja.

A Grande Loja da Inglaterra, considerada Loja Mãe da Maçonaria Universal, recomenda a utilização da Bíblia e não de qualquer outro livro, porque a Maçonaria tem a sua origem nas antigas corporações de mestres pedreiros, construtores de igrejas e catedrais formadas sob a influência da Igreja na Idade Média.

Convenção de Lausanne

Na Convenção Internacional dos Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito, de 1875 em Lausanne, foi promulgada a seguinte Declaração:

A Maçonaria proclama, como tem proclamado, desde a sua origem, a existência de um Princípio Criador, sob o nome de Grande Arquitecto do Universo.

Ela não impõe qualquer limite à pesquisa da verdade, e para garantir a todos esta liberdade ela exige de todos a tolerância.

A Maçonaria é, pois, aberta a todos os homens de todas as nacionalidades, todas as raças e todas as crenças.

Ela proíbe em todas as suas lojas toda discussão sobre matéria política e religiosa; ela acolhe todo profano quaisquer que sejam as suas opiniões em matéria de política e em religião, desde que este seja livre e de bons costumes.

Aos homens para os quais a religião é a suprema consolação, a Maçonaria diz: cultivai a sua religião sem obstáculos, segui as inspirações da sua consciência.

A Maçonaria não é uma religião, ela não tem um culto; ela defende a instrução laica, a sua doutrina pode limitar-se neste belíssimo preceito: Amai ao Próximo.

Todos os Supremos Conselhos Regulares do Mundo adoptam tal Declaração.

Supremo Conselho do Grau 33 da Maçonaria

O Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil tem no seu Estatuto, à semelhança da Grande Loja na sua Constituição, declaração de Princípio na crença ao Grande Arquitecto do Universo, não se imiscuindo, porém, na questão da religião, que deixa pertencer a cada um dos maçons.

No preâmbulo encontra-se:

Não sendo uma seita, nem uma religião, a Maçonaria presta a todas elas o devido respeito à crença alheia, para, sob a o princípio da tolerância, alcançar a sua doutrina: ama o teu próximo”.

Grande Loja Maçónica do Estado da Paraíba

O Venerável Mestre no Ritual de Aprendiz da Grande Loja Maçónica da Paraíba indaga do Irmão Chanceler: “Que é a Maçonaria, Irmão Chanceler?” – E este responde: “Uma Instituição que tem por objectivo tornar feliz a Humanidade pelo amor e pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância e pela igualdade, e pelo respeito à autoridade e à religião” (1928, pág.. 24).

Este mesmo Ritual consigna ainda àquele para quem a religião é o consolo supremo:

Cultiva a tua religião, ininterruptamente, segue as inspirações de tua consciência; a Maçonaria não é uma religião, não professa um culto; quer a instrução leiga; a sua doutrina condensa-se toda nesta máxima – AMA O TEU PRÓXIMO (1928, pág.. 11).

Não se vê e nem se encontra cá nada, em absoluto, que justifique ser, pois, a Maçonaria, uma religião.

Posições oficiais das igrejas

Posição da Igreja Católica

A Igreja Católica não considera a Maçonaria uma religião. Embora tenha imposto a sua condenação desde 1738, os motivos foram de natureza política, como se depreende das disposições contidas nas Encíclicas de Clemente XII e Leão XIII.

Posições de igrejas protestantes

As igrejas protestantes, via de regra, não têm assumido oficialmente posição de contrariedade à Maçonaria, admitindo-a como uma religião, não obstante as discussões que realizam nos seus conselhos.

Posições pessoais de padres, pastores e maçons

A seguir, apontaremos opiniões pessoais, contrárias e favoráveis de padres, pastores e maçons, no tocante à visão de ser a Maçonaria uma religião ou não. Independente, porém, dos entendimentos da Maçonaria ser ou não uma religião, colocamos também a questão de serem consideradas compatíveis ou não entre si a Maçonaria e as diversas Igrejas.

Posicionamentos não antagónicos

De padres católicos

Posição dos Padres Caprile, Benimeli e Alberton Jesuítas e Maçonólogos

A Maçonaria não é nem tem sido uma religião. É uma sociedade leiga, com uma finalidade filantrópico- cultural e humanístico-filosófica, que tem um ideário de fraternidade universal e aperfeiçoamento do homem suficientemente amplo e ambíguo nas suas formações para que tenham nela abrigo homens de diferentes crenças e opiniões políticas, sem que isto suponha indiferentismo nem sincretismo, mas, simplesmente, tolerância e respeito à liberdade de pensamento e de crenças dos demais, numa associação na qual têm lugar todos os crentes – isto é, não ateus – sejam cristãos, católicos, muçulmanos, judeus, budistas. (BENIMELI, CAPRILE e ALBERTON, 1998: 245).

Posição do Padre Valério Alberton Jesuíta e Maçonólogo

O pretexto para a eliminação da exigência da crença em Deus era a defesa da absoluta liberdade de pensamento. (…) Grupos minoritários, mas activos, que, por meio de manobras escusas inconfessáveis, conseguiram a referida eliminação, bipartindo a Ordem em duas correntes bem distintas, em duas Maçonarias: uma regular, autêntica, ortodoxa, tradicional, que tem espírito religioso apesar de não ser uma religião (porque elimina os irreligiosos) e é apolítica; outra, irregular, inautêntica, heterodoxa, desviada, que é arreligiosa e mesmo irreligiosa e política. (ALBERTON, s/data: 239/240).

A Maçonaria tradicional e regular, professando o Grande Arquitecto do Universo, de um lado, evita todo ateísmo e, de outro lado, não se enquadra de forma alguma de teísmo: ela proclama simplesmente o deísmo ou a religião natural ou a teologia natural, filosófica. Maçonaria é Filosofia, não é Fé. (ALBERTON, s/data: ).

De pastores protestantes

Posição do Pastor Jorge Buarque Lyra, Ministro do Evangelho da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e Maçom

O fazer o bem à humanidade não deve ter limites nem restrições, e tudo o que for justo, bom e recomendável para os de Cristo, deveria o nosso irmão, por igual, por coerência e por caridade, condená-la também para os não crentes, pois eles têm uma alma tão preciosa como a dos cristãos. E seria concebível que a estes fizesse mal o que faz bem àqueles?

Não me consta, pelos Evangelhos, que o Cristo tenha estabelecido fronteiras para a prática do bem, nem tão pouco que tenha delimitado as suas práticas (i. é, a prática do bem) exclusivamente aos seus seguidores. Até, pelo contrário, Ele demonstrou, em certa ocasião, que o bem é louvável e deve ser permitido a quem quer que o queira praticar, porque ninguém que o realiza, pode ser inimigo d’Ele: “Quem não é contra nós, é por nós”, disse o Mestre. (…)

Mas, qual a incompatibilidade que há entre o bem que pratica o cristão e o praticado pelo não crente? A incompatibilidade é na espécie do bem ou nos motivos que o inspiram? Na espécie do bem não deve ser, pois que tais motivos são “as virtudes e a moral de Jesus”. Além disse se outros fossem os seus motivos inspiradores, ainda assim não nos assistiria a autoridade precisa para condenarmos como réprobos ou zombadores de Cristo os que, não O seguindo, só praticam o bem por outros intuitos.

Logo, não vemos a menor causa para o cristão não incorporar-se à Sublime Ordem, nas suas pretensões. Que ele, a ela se filiando, procure honrar mais a Cristo e sirva, em tudo, de exemplo aos mais fracos, mesmo porque na Igreja Cristã os mais fortes são exortados a ajudarem os mais fracos na vida espiritual. (Gal. 6: 1-2). (LYRA, 1971: 104).

Posição do Pastor Jayro Boy de Vasconcellos Presbítero da Primeira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte e Maçom

A Maçonaria não é uma religião. (…) Religião é um esforço espiritual desenvolvido pelo homem, para se ligar a Deus, visando alcançar a vida eterna. (…) Maçonaria é um esforço material e social desenvolvido pelo homem, para se unir aos seus semelhantes, procurando criar uma sociedade mais livre, igualitária e fraterna. (…) A primeira visa unir o homem a Deus e, para isso, ocupa-se da teologia e trabalha a parte espiritual; já a segunda busca unir o homem ao seu próximo e, dessa forma, aplica-se mais a humanística e atém-se predominantemente ao social e material. (VASCONCELLOS, 1999: 45).

A Maçonaria nasceu na construção do Templo do Salomão, portanto, dentro das páginas da Bíblia Sagrada, foi regulamentada por um pastor presbiteriano reformado, Ver. James Anderson, tem a sua maior aceitação nos países reconhecidamente protestantes e apesar de não ser religião, já prestou grandes e relevantes serviços à difusão do Evangelho de Jesus Cristo – como pode ser ela uma organização pagã, diabólica ou satânica? (VASCONCELLOS, 1999: 68).

Inegavelmente a Maçonaria é a organização mais antiga do mundo e uma das mais sérias que existem. Ela nada tem de paganismo, nada de ocultismo e, muito menos, de bruxaria ou de diabólica. Quando alguém disser o contrário disto, fica como uma “dica” para você, essa tal pessoa não conhece a Maçonaria e, muito menos, a sua maravilhosa história, por isso mesmo não deve merecer crédito. (VASCONCELLOS, 1999: 209).

Posição do Diácono Jean-François Var, da Igreja Ortodoxa da França

No hay ni puede haber una posición oficial única y unánime de la Iglesia Ortodoxa frente a la masonería, como tampoco frente a las demás cuestiones planteadas en el mundo. En efecto, la Iglesia Ortodoxa, a diferencia de la Iglesia Católica Romana, no está constituida unitariamente. Es a la vez una y múltiple: una en su esencia, como la Iglesia de Cristo, y múltiple en la diversidad de su encarnación en Iglesias locales. La definición de una decisión dogmática o disciplinar válida para todos resulta por tanto inconcebible, salvo si proviene de un concilio ecuménico que englobe a toda a cristiandad ortodoxa y sea reconocido por ésta como tal. (…)

Toda Iglesia Ortodoxa consta de miembros – seglares, sacerdotes, obispos – con opiniones discrepantes sobre la masonería, mas no por ello adopta una de esas opiniones. Ni se pronuncia al respecto ni intenta zanjar la cuestión. Tal es la actitud común… salvo en una. Por eso, dentro de una misma comunidad ortodoxa, hay clérigos o seglares que combaten la masonería, mientras otros la aprecian y otros incluso pertenecen a ella.

Por ejemplo, es notório que el patriarca Atenágoras fue recebido en el grado 33 del Rito Escocés Antiguo y Aceptado… aunque en los Estados Unidos, sin duda por prudencia. Asi, cuando se reunieron en una “cumbre” ecuménica el papa Pablo VI, el patriarca Atenágoras e el doctor Fisher, arzobispo de Canterbury, dos de los tres participantes eran masones.

Por su parte, el autor de estas líneas, en su doble calidad de clérigo y franc-masón, asistió en Francia a la iniciación de un obispo rumano, es decir, oriundo de un país donde el antimasonismo pasa por estar muy extendido. (BENIMELI, 1996: 125, 145).

Posição do Pastor Ángel L. Alonso Velilla, da Igreja Evangélica Espanhola

Para los protestantes la Iglesia no constituye el reino de Dios en su forma total. En la concepción evangélica de la acción de Dios, ésta no se limita a la Iglesia, sino más bien tiene su campo de acción en el mundo. (…) Dios busca a los suyos en el mundo y por derivación, la acción divina se asienta misteriosamente en médio de los movimientos sociales y políticos que interactúan en la comunidad humana. (…) La Iglesia como portadora de Dios entre los reinos de este mundo es heraldo en la Tierra, no puede dejar de tener compromisos políticos y sociales, aunque no debe ser una organización política o de índole estrictamente social.

Existe compatibilidad de sensibilidades entre la Iglesia evangélica y la francmasonería, si entendemos a la Iglesia como congregación de los salvados por la gracia que están llamados a la proclamación de la palabra de Dios y al testimonio del servicio a una sociedad carente de valores, y si entendemos a la masonería como una organización social de carácter espiritual y humanizante que a través de sus enseñanzas simbólico-morales quiere y tiene algo positivo que aportar a una sociedad despersonalizada, entregada a la sobrevaloración de lo material y que únicamente encuentra su razón de actuar en las posibilidades del poder económico. (BENIMELI, 1996: 185).

Posição do Reverendo Fred Harwood, Pastor Anglicano e Maçom

Personalmente no encuentro incompatibilidade ninguna entre la religión y la masonería, y a mí no me parece raro que un ministro de la religión pueda ser masón. No quiero decir con esto que la masonería sea perfecta. Tampoco quiero decir que todos sus miembros sean perfectos. Sin duda hay algunos que han abusado de su posición como masones, y que han explotado su posición como masones para obtener privilegios que no merecían. Pero creo que esto pasa en todas las organizaciones y actividades humanas. Sin embargo, no debemos condenar una organización en general o todos sus miembros, por los delitos de una pequeña minoría. Además, el Grande Maestre tiene un Comité para investigar cualquier alegación de prácticas corruptas y si el acusado es juzgado culpable le expulsan de la Fraternidad. (BENIMELI, 1996: 96).

Posição de David Walton, da Igreja Metodista e Secretário da Associação dos Maçons Metodistas

Después de tratar personalmente com muchos de los problemas que han surgido durante los últimos ocho años de la Iglesia Metodista por el mal enfocado y apresurado informe producido en 1985 sobre la francmasonería y también acumular pruebas adecuadas sobre el modo en que la francmasonería, y el metodismo se relacionan, sólo ha servido para reafirmar mi opinión original de que la francmasonería y la pertenencia a la Iglesia cristiana son, y siempre han sido, enteramente compatibles y de hecho se ayudan mutuamente. (BENIMELI 1996: 111).

Posição de Guillermo Oncins Hevia, Membro da Igreja Espanhola Reformada Episcopal

El reverendo M. F. S., ministro metodista y membro activo de la masoneria, era muy conocido en la ciudad de X.… por la gran labor realizada tanto en su ministério evangélico como en la logia a la que pertenecía. LLegó un tiempo en que algunos de sus colegas en el pastorado, personas pocos informadas sobre la masonería y sus enseñanzas, buscaron intensificar su utilidad para la Iglesia exigiéndole que renunciase a su membresía en la fraternidade, dedicando así todo su tiempo y esfuerzos a la Iglesia.

En la primera asamblea general que tuvo lugar, se adoptó una resolución unilateral al respecto, pidiendo al reverendo una urgente respuesta. El hermano S.. permaneció sentado, al parecer sumido en seria reflexión durante lo que parecieron ser muchos y largos minutos. La situación era para él crítica. A menos que renunciase a la masonería, se vería separado de la Obra de Dios a la que había sinceramente consagrado su vida, al tiempo que perderia su medio de vida. ¿Qué le ofrecía la Orden Masónica a cambio, si realizaba tan dura elección y sacrificio?

Cuando el silencio y la incertidumbre se hicieron ya difíciles de soportar, el pastor se levantó y dijo con voz clara: “Durante muchos años me he esforzado en servir a la Iglesia, como fiel ministro de Cristo, y creí ampliar eficazmente mi campo de acción y de servicio, sin faltar por ello a mis promesas, actuando como fiel y celoso francmasón. Ahora me exigís que renuncie a la masonería o que me retire de la Iglesia. La decisión que debo tomar es dura y difícil. En ambos lados de la cuestión tengo amigos a los que amo y que espero me aman también, por tanto, no deseo separarme ni de unos ni de otros. Si se trata de elegir, entonces debéis considerarme separado de la Iglesia metodista episcopal”.

La sorpresa entre los miembros de la asamblea fue tal, que nadie se atrevió a responder palabra. Finalmente, uno de los miembros de la misma se dirigió al pastor S.. y, estrechando su mano dijo: “Hermano S…, algo de gran valor debe de haber en la masonería, de lo contrario una persona como Vd.., a quien todos conocemos bien y amamos tanto, no se aferraría a la misma con ese valor y tenacidad. Yo quiero ser masón. ¿Sería tan amable de presentarme y recomendarme a su logia?”

Creo que no vale la pena continuar, y que el ejemplo de esto hermano es suficientemente ilustrativo como para dejar claro que la gran mayoría de los cristianos evangélicos ven perfectamente compatibles ambas pertenencias. (BENIMELI 1996: 163-164).

De maçons

Posição de Luis de Matos, Maçom, da Loja Fernando Pessoa, de Lisboa

A Maçonaria não se submete à Religião nem é uma Religião. Mas a sua linguagem simbólica e alegórica é destinada a quem compreende a linguagem simbólica e alegórica da religião (MATOS 2010: 105). A Maçonaria usa a linguagem simbólica da Religião para revelar os seus mistérios, contudo não é uma Religião (Idem 2010: 109).

Para o estudante da Arte Real não podem restar dúvidas de que a Maçonaria é a encarnação no seio do Cristianismo do conhecimento guardado nas antigas Escolas de Mistérios, cujas origens se perdem na noite dos tempos (Idem 2010: 110).

Posição de Manly P. Hall, Escritor Maçom

A Maçonaria, apesar de não ser uma religião, é essencialmente religiosa. Muitas das suas lendas e alegorias são de natureza sagrada; a maior parte delas tecida na estrutura do Cristianismo. Aprendemos a considerar a nossa própria religião como a única inspirada, e isso provavelmente é a causa da falta de entendimento no mundo actual a respeito do lugar ocupado pela Maçonaria na ética espiritual da nossa raça. (2006, pág.. 17).

A Maçonaria é uma filosofia essencialmente destituída de credo. E é a mais verdadeira por isso. Os deus Irmãos curvam-se à verdade, independentemente do seu condutor; eles servem luz, em vez de disputa a quem a traz. Desta maneira, provam que estão procurando conhecer melhor a vontade e os ditames do Um Invencível. Não existe nenhuma religião mais verdadeira do que aquela da camaradagem e fraternidade mundial, com o propósito de glorificar a Deus e construir para Ele um templo de atitude construtiva e carácter nobre. (2006, pág.. 24).

Posição de Ralph Beck, Escritor Maçom

A Maçonaria, por não ser uma religião, tenta converter-se em ponto de encontro dos diferentes cultos, assim como num lugar de reunião de correntes filosóficas. Ela não trata de elaborar um sincretismo religioso, e sim uma síntese superadora, dominada por um profundo espírito de tolerância. (pág.. 124).

Influenciados pelo racionalismo do Século XIX e pelo iluminismo francês, os maçons não buscam uma substância chamada Deus. Deus é uma metafísica particular; a utopia maçónica é um só Deus, no mundo que utiliza o compasso, o esquadro e o prumo, e a Maçonaria, uma instituição que se propõe a ajudar para que, o quanto possível, os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade possam ser cumpridos. (pág.. 125).

O autor nesse livro entrevista Antonio Las Heras, um dos maiores especialistas em esoterismo e sociedades iniciáticas da América Latina. Ao perguntar-lhe se ele poderia esclarecer a expressão Grande Arquitecto do Universo, usada pelos maçons, ele respondeu:

A expressão Grande Arquitecto do Universo (GADU), lá pelo Século XVII, começou a ser usada, tomada das máximas do apóstolo Paulo, provavelmente devido à influência dos pastores protestantes. Ele pode ser encontrado na Epístola aos Hebreus (11,10) e na Epístola aos Coríntios (I, 3, 10). A verdade é que nos séculos anteriores existem escassas invocações a Deus. Mas, por exemplo, de acordo com um texto de 1730 para a abertura dos trabalhos da Grande Loja da Irlanda, utilizava-se a expressão “Grande Arquitecto do Céu e da Terra”, que é bastante parecida. Antes, e desde Pitágoras especialmente, é possível que se utilizasse alguma expressão semelhante, mas onde o “G” tem a ver com a geometria que organiza o universo. Ocorre-me que também pode ser o resultado ou a deformação da expressão “Grande Unidade” (GU). O importante, a meu ver, é que os maçons geraram uma ideia interessante e singular: aceitam que existe algo que organiza o universo – isto é um arquitecto -, mas cada um dos seus membros (os irmãos) pode imaginá-lo de acordo com o que melhor lhe pareça. (págs.. 179/180).

Posicionamentos antagónicos

De padres católicos

Posição do Bispo Dom Boaventura Kloppenburg

Igreja e Maçonaria são dois senhores bem diferentes. Não é possível servir simultaneamente a ambos. A presente investigação chegou a uma evidente conclusão: a Igreja Católica e a Maçonaria no Brasil são duas entidades inconciliáveis. Isto, porém, não quer dizer que não haja possibilidade de conciliação entre o pastor da Igreja e o cidadão católico afiliado a uma loja maçônica4.. Saibam estes católicos que sempre encontrarão nos pastores da Igreja muita compreensão e pronta disponibilidade para ajuda-los, no que for possível, a fim de sair do “estado de pecado grave” e viver em paz e tranquilidade de consciência diante de Deus e da sua comunidade e aproximar-se do Pão da Vida para entrar outra vez na santificadora comunhão com o Senhor Jesus presente sob as espécies do pão no augustíssimo Sacramento da Eucaristia. (…) Sim, a conciliação é possível. (KLOPPENBURG 2000: 7-8).

De pastores protestantes

Posição de William Schnoebelen, Missionário, ex-mormon, ex-mago, maçom irregular

No primeiro grau (aprendiz), o candidato mal acaba de entrar pela porta da Loja para ser iniciado e é sumariamente desafiado com a questão: “Em quem depositais a vossa confiança?” A sua resposta deve ser: “Em Deus”. De outra forma não lhe é permitido continuar com o ritual de iniciação. Como oficial de uma Loja operante fui instruído assim, e estava preparado para remover o candidato do aposento da Loja se necessário. Visto que a Maçonaria requer a crença num ser supremo tem, portanto, a primeira marca distintiva de uma religião. (SCHNOEBELEN, 1995: 31, 36).

Posição de John Ankerberg e John Weldon,  Evangelistas

A Maçonaria é, conforme se alega, a amiga verdadeira de todas as religiões. Mas ensina que só ela contém o verdadeiro significado latente de todas as religiões. Somente ela salvaguarda a pura verdade religiosa. Desse modo, as doutrinas específicas e os dogmas de todas as demais religiões são errados e sem fundamento. “A Maçonaria procura libertar o homem de uma concepção limitadora de religião e assim exterminar uma das principais causas do ectarismo”. Eis por que ela não é amiga da religião, mas, na verdade, inimiga. Procura livrar-se de todas as religiões (da maneira que existem), assimilando-as à Maçonaria. Assim, os maçons que têm consciência de que a Maçonaria é a única religião verdadeira podem ter a esperança de “despir todas as religiões dos seus princípios, lendas, alegorias e dogmas ortodoxos”. (ANKERBERG E WELDON 1995: 81).

A leitura exaustiva dos escritos maçônicos deixa claro que a Maçonaria é uma religião substituta, não importa quão sincera e categoricamente tente negar isso. Quanto mais se lê sobre a Maçonaria, mais óbvio e inegável fica o facto de que a Maçonaria acredita e alega que é a Única Religião Verdadeira. (ANKERBERG e WELDON 1995: 262).

De maçons

Posição de Ronaldo Correia, Maçom da Loja Cavaleiro da Luz, Recife

Ronaldo Correia, aludindo a um ritual afirma que “a sua doutrina tem por base o Grande Arquitecto do Universo”, podendo-se por isso “afirmar-se que se trata de uma Entidade religiosa” (CORREIA 2014: 258), o que “torna evidente a sua Missão Oculta de Entidade Religiosa, com todo o embasamento indiscutível de uma Religião” (Idem, pág.. 259).

Posicionamento do autor

Não é a Maçonaria uma religião, no sentido a que se dá à religião propriamente dita. Isto porque não existe nela nenhum dogma, nenhuma crença e nenhum sistema de moral que exclusivamente pertençam a ela. No dizer do insigne Maçom Nicola Aslan, “os dogmas da Maçonaria não são outra coisa senão os conhecimentos humanos em estado de realidades positivas, de leis constatadas ou de axiomas matemáticos; a sua moral não é senão a moral eterna da humanidade, liberta de toda intervenção milagrosa; as suas crenças são as de todo o mundo, neste sentido que a fé de cada um, dependendo apenas da sua consciência, pode revestir todas as formas possíveis do ideal”.

Ela não é religião ainda porque abriga homens de todas as crenças, respeitando-as e estimulando-as; porque não impõe preceitos religiosos e nem adopta uma doutrina imutável; porque incentiva a todos os seus adeptos a pesquisar incessantemente a Verdade, pois reconhece que inexiste uma verdade definitiva que não possa ser objecto de investigação e de crítica; porque ela não constitui uma igreja confessional, mas sim, um centro de união que liga os seus filiados em torno de um alto princípio: a existência de um Ser Superior, denominado Grande Arquitecto do Universo, como símbolo de respeito por todas as crenças e concepções religiosas.

Embora a Maçonaria não seja religião, possui espírito religioso, pois não aceita nos seus quadros nenhum “estúpido ateu” e nenhum “irreligioso libertino”, conforme prescrevem as Constituições Maçónicas. No entanto, mesmo não sendo a Maçonaria uma religião, nada impede que, para aqueles que abandonaram as práticas da sua confissão, possa ela transformar-se numa religião. Exactamente pelo facto de que, mesmo não existindo nela um corpo de sacerdotes ou pastores, nem uma teologia institucionalizada, imperam nela o espírito de uma comunhão universal entre os homens, os meios de aperfeiçoamento e engrandecimento espiritual, moral e social, a crença em Deus e na sua Justiça, o princípio da tolerância e o amor a Deus e ao Homem.

A Maçonaria, pois, não é uma religião, no sentido estrito da palavra, no entendimento de uma teologia no sentido eclesiástico da palavra, mas sim, uma religião no sentido de religar os homens entre si por uma sabedoria original e por uma moral inigualável. Somente por estas questões é que os maçons podem conceber a Maçonaria como uma religião, “a religião em que todos os homens estão de acordo”, e que consiste em “serem bons, sinceros e honrados, de modo que possam ser diferenciados dos outros”.

Considerações

Todo este arrazoado denota que a Maçonaria, na realidade, não é uma religião. No entanto, as atitudes das confissões religiosas diante da Maçonaria são indicativas de que ela é intimamente tomada como sendo, apesar das demonstrações em contrário praticadas por essas mesmas confissões.

Tecerei agora algumas considerações finais a respeito dos posicionamentos que são tomados pelas igrejas.

Igreja Católica

A Igreja Católica tem na sua estrutura organizacional dois conselhos que cuidam de questões determinadas: o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter­religioso, que trata dos assuntos relacionados com as religiões mundiais não cristãs e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que trata dos assuntos relacionados com as religiões cristãs (igrejas protestantes e ortodoxas). No primeiro se busca o diálogo entre diferentes religiões e o relacionamento entre cristãos e não cristãos, enquanto no segundo se busca o ecumenismo, a aproximação e a cooperação entre as igrejas cristãs e a busca de superação das suas divisões.

Em nenhum desses conselhos a Maçonaria acha- se inserida, o que de início já identifica que a Igreja Católica não a vê como religião. De facto, a Maçonaria foi considerada pela Igreja Católica uma sociedade secreta que “maquina contra ela”, conforme contido no Cânon 2.335 do Código de Direito Canónico de 1917 que diz: “Os que dão o seu nome à seita maçónica e a sociedades semelhantes que conspiram contra a Igreja e as legítimas autoridades civis… incorrem sem mais na excomunhão simplesmente reservada à Santa Sé”.

Embora a palavra “seita” esteja presente no cânon mencionado, este termo não tem o significado de ser grupo pertencente à Igreja que dela discorda em alguns pontos doutrinários, mas o de ser sociedade que trama contra a Igreja, que tem finalidade total ou parcial de maquinar contra a Igreja, conforme se deduz de Comentário desse cânon produzido pelos canonistas de Salamanca Dominguez, Morán e Cabreros de Anta (Revista Pergunte e Responderemos n° 171, pág.. 27-28).

José Moraleda Rodriguez, religioso lassalista e professor da Universidade de Salamanca, onde lecciona Antropologia Religiosa, Fenomenologia da Religião e Linguagem Religiosa, na sua reflexão sobre seitas e novos movimentos religiosos, não inclui a Maçonaria nesse campo, sequer a ela se refere. Diz ele que: “no termo “seita” encontramos significados associados a separação, dissidência, marginação, ruptura, heterodoxia, etc. Se pretendêssemos apresentar os traços que definem uma seita religiosa, falaríamos de um grupo cindido que se organiza como comunidade diferenciada em relação a uma das religiões universais, com uma cosmovisão original, algumas crenças peculiares e algumas práticas próprias” (RODRIGUEZ 1994: 10).

Jean-Yves Leloup, padre ortodoxo (hesicasta), filósofo, doutor em Teologia e professor da Universidade da Califórnia, igualmente no seu estudo sobre seitas, igrejas religiões, não coloca nesse conjunto a Maçonaria, se quer também não a menciona. Escreve esse estudioso: “Não temo as seitas, nem as igrejas, nem as religiões; ao contrário, para muitos elas podem ser locais de apaziguamento e ocasiões de comungar com outras pessoas numa mesma busca de saúde, verdade, beleza e também – não nos devemos esquecer – de liberdade, (chamaremos de salvação, libertação ou despertar). (…) Por outro lado, o que temo é o espírito sectário, o espírito fanático de exclusão ou de culpabilização daqueles que, corroídos por uma angústia bastante compreensível diante das incertezas e das ambiguidades da condição humana, afirmam possuir a verdade e querem impô-la aos outros. Isto em detrimento da inteligência mais elementar perante o real e do respeito necessário quando esse real tem um semblante, mesmo que este nos desagrade porque está voltado para uma direcção que não é a nossa”. (LELOUP 2006: 9/10).

Confirmam isto os principais motivos das primeiras condenações da Igreja à Maçonaria, contidas na Constituição “In Eminenti”, de Clemente XII em 1738 e reproduzidos por Bento XIV na Constituição “Provida”, em 1751, por Leão XII na Constituição “Quo Gravora”, em 1825, e noutros documentos papais, que foram os seguintes:

  1. a atitude religiosa vaga ou genérica dos fundadores e mentores da Maçonaria especulativa,
  2. o carácter secreto das regras e deliberações das Lojas maçónicas e
  3. outros motivos justos e razoáveis, a Nós conhecidos.

Alec Mellor, no seu livro “No frères séparés, les Franc-maçons”, Paris, 1961, diz que “esses motivos, não explicitados pelo Pontífice, parecem derivar-se da situação política da Inglaterra na primeira metade do Século XVIII: a dinastia dos Stuarts (católicos) e a dos Hanoverianos (protestantes) disputavam entre si o trono inglês – o que teria consequências decisivas para o futuro daquela nação. Ora a Maçonaria inglesa, como se crê, foi utilizada pelos pretendentes hanoverianos ao trono para suplantar os Stuarts ou os jacobitas católicos. Este facto terá concorrido para que Clemente XII encontrasse mais um motivo para rejeitar a Maçonaria”. (Revista Pergunte e Responderemos n° 171, pág.. 23).

Com o Concílio Vaticano II o Código de Direito Canónico foi modificado, inclusive no que diz respeito à Maçonaria. Actualmente o Maçom já não incorre em pena de excomunhão, mas, mantida a premissa de maquinação contra a Igreja, acha-se em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão, conforme Declaração da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé de 1983. O Código Canónico de 1983 dispõe no Cânon 1.374 que “quem se inscreve em alguma associação que conspira contra a Igreja, seja punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associações, seja punido com interdito”.

Corbière (2007:24/25) comentando o Documento da Congregação para a Doutrina da Fé expedido pela Igreja Católica em 26.11.1983, por provocação dos bispos alemães no documento de 28.04.1980 expedido em Wurzburg sob o título “Declaração da Conferência Episcopal Alemã acerca da pertença dos católicos à Maçonaria” assim afirma: “Dicen los obispos que, del relativismo de la verdad, los masones pasan al relativismo de la religión. Consideran que la masonería es una religión universal que sería sólo alcanzable a través de los símbolos masónicos. Esa religión universal (“la religión en la que todos los hombres están de acuerdo”, según la Constitución masónica de Anderson) tiene como símbolo al Gran Arquitecto del Universo, un ser neutral, indefinido y aberto a toda posible interpretación, concepción incompatible – concluyen los prelados – con el Dios revelado”.

Para a seguir anunciar a origem dessa provocação, dizendo: “Los colóquios entre la masonería germana y el Consejo del Episcopado Allemán se produjeron con la llegada al papado de Juan XXIII y los nuevos ventos de renovación del Concílio Vaticano II, que aprobó, no debe olvidarse, una declaración sobre libertad religiosa, princípio secularizador tan caro para los masones. Fue en esse clima de diálogo que fructificó el acercamiento, muy distinto, dos décadas después, de la actual situación ya que Roma, con el papa Juan Pablo II, secundado por elementos totalitários como los del Opus Dei, la organización integrista desarrollada por José Maria Escrivá de Balaguer, en tiempos del franquismo español, há renovado la anacrónica excomunión”.

Saguier (2009: 229) resume o que é a instituição maçónica dizendo: “La Masonería es una institución universal, esencialmente ética, filosófica, iniciática y progressista. Ella tiene por princípio la libertad absoluta de consciência y la fraternidad humana. Constituye el centro de unión para los hombres de espíritu libre de todas las nacionalidades y credos. Como institución docente formativa tiene por objeto el perfeccionamiento del hombre y de la humanidad. Promueve entre sus adeptos la búsqueda incessante de la verdad, el conocimiento de si mesmo y del hombre en el médio en que vive y convive, promueve al estúdio de la moral universal, de las ciências y las artes para alcanzar la fraternidad universal del género humano”. (SAGUIER 2009: 229).

Em decorrência desta Declaração, há quem entenda entre os sacerdotes de que a situação mudou, como é o caso do arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, presidente regional da CNBB, que disse abertamente numa entrevista para “O Vigilante” (órgão de divulgação da Grande Loja Maçónica do Rio Grande do Sul, edição n° 59, de Setembro/Outubro de 2003), que “o Maçom não é mais excomungado perante a Igreja Católica”. O informativo maçónico diz o seguinte no destaque da sua capa: “A presença do Arcebispo de Porto Alegre e representante da CNBB, Dom Dadeus Grings em várias solenidades da Maçonaria é um atestado inconteste de que a Igreja Católica Apostólica Romana, não tem mais restrições a Maçonaria”.

Há, porém, outros que dizem que existe incompatibilidade entre a Igreja e a Maçonaria, mas não há obstáculo para uma convivência pacífica entre elas, a exemplo do cardeal Dom Eugénio Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, que em mensagem no programa radiofónico A Voz do Pastor de 26.01.2001 disse:

Embora permanecendo separadas, existe um clima de respeito mútuo que permite um diálogo. O exemplo foi o aparecimento de reuniões entre católicos e maçons para estudo como o de uma Comissão das Grandes Lojas reunidas da Alemanha e a Conferência Episcopal Alemã, de 1974 a 1980. A Declaração final do Episcopado alemão evidencia a incompatibilidade, pois a Maçonaria não mudou na sua essência. A pesquisa acurada sobre rituais e os fundamentos dessa instituição demonstra a existência de doutrinas que se excluem. Entre as causas dessa separação, enumera: a ideologia dos maçons, o conceito de Verdade, de Religião, de Deus, a Revelação, sobre a tolerância, os ritos, a perfeição do homem e a espiritualidade.

De outro lado, a realidade alemã vê a possibilidade de colaboração pastoral na área da Justiça Social e Direitos Humanos. O facto de existirem eclesiásticos na Maçonaria prova que há falhas na disciplina. São dadas explicações, não justificativas, baseadas em situações históricas, como no caso da Independência do Brasil. Dom Boaventura Kloppenburg, na sua obra examina o assunto e o reduz a dimensões reais O respeito mútuo e a fidelidade aos ensinamentos da Igreja nos possibilitam uma convivência pacífica com os irmãos maçons.

Todavia, há na realidade uma diferenciação entre a situação anterior e a actual. A pena de excomunhão é “latae sententiae”, condicionada à comprovação de que o Maçom católico deu o seu nome a uma Loja que conspira contra a Igreja. Se ela assim não se enquadra, não existe condenação e, por consequência, pena de excomunhão. Por sua vez, o novo cânon não menciona a Maçonaria, além de haver reduzido a excomunhão a uma condição de “pecado grave”, que priva o Maçom católico da Eucaristia. O pecado grave, pois, que pode impedir o Maçom católico da Comunhão, é a de pertencer a uma Loja que conspira contra a Igreja. Não há, então, pecado grave se a Loja não conspira. Mas, privado está da Comunhão quem esteja em pecado, quer seja grave ou não, quer seja Maçom ou não. Portanto, há uma enorme diferença entre a situação anterior e a actual. A excomunhão de maçons é coisa do passado, de uma época em que não havia diálogo entre a Igreja e a Maçonaria.

Benimeli (2005: 103) ao referir-se ao Cânon 1374 assim se expressa:

Es decir, que ha desaparecido toda referencia a la masonería, a la excomunión y a los que maquinan contra las potestades civiles legitimas, tres de los aspectos básicos que sólo tenían razón de ser em contexto histórico de un problema concreto italiano del siglo XIX que, evidentemente, al no existir hoy resultaba anacrónico mantener”.

Após o Concílio o diálogo entre as autoridades da Igreja e da Maçonaria intensificou-se. A Igreja entende que a Maçonaria não é um bloco monolítico, que há Lojas e Potências que diferem nas suas formas de pensar frente ao Cristianismo e à Igreja. Diante desse avanço, a legislação eclesiástica já não reprime a Maçonaria como o fazia desde 1738, não encontrando a pena de excomunhão plena guarida como antes. O que ocorre hoje, pois, resume-se ao entendimento pessoal dos clérigos, vez que alguns ainda pensam como no passado, rechaçando a Maçonaria, enquanto outros se associam aos maçons para a prática da caridade. A visão, todavia, de que a Maçonaria não é religião, oficialmente permanece assegurada por tantas declarações maçónicas oficiais.

Em palestra proferida em 2009 pelo bispo emérito da Diocese de Itabira – Coronel Fabriciano, Estado de Minas Gerais, e consultor jurídico da CNBB, Dom Lelis Lara, na Loja Maçónica União de Ipatinga, deixou claro que a relação Maçonaria e Igreja Católica não é a mesma em todos os lugares, e que depende da orientação dos seus responsáveis ou dirigentes. Segundo ele, coisa semelhante acontece com a Igreja Católica e Igrejas protestantes, citando como exemplo casos em que se pretende realizar a celebração ecuménica de um casamento entre uma parte católica e a outra de religião cristã não católica. Há pastores que o permitem e há os que se opõem radicalmente a tal celebração. Segundo ele, dentro da própria Igreja Católica, em questões não definidas pela doutrina ou autoridade da Igreja, a orientação ou decisão dos bispos não é sempre a mesma.

Assim, constatado que o anticlericalismo e o anticatolicismo se verificam apenas na Maçonaria irregular e não são da essência da Maçonaria Universal, é cada vez mais forte o movimento de aproximação entre a Igreja Católica e a Maçonaria. Ainda segundo o Bispo, é neste contexto que devem se colocar os pronunciamentos da Igreja Católica após o Concílio Vaticano II.

Das Igrejas Protestantes

Diferentemente das igrejas protestantes históricas, as igrejas evangélicas pentecostais e neo­pentecostais são actualmente as que mais se sentem incomodadas com a Maçonaria. Os seus pastores, missionários, evangelistas, ministros, não perdem oportunidades para atacarem a Maçonaria. Usam de interpretações erróneas, argumentos falsos, sortilégios, de todos os meios imagináveis para dar combate à Maçonaria. Parecem temer a Maçonaria, esquecidos de que a Maçonaria teve na formação da Grande Loja Unida da Inglaterra a importante colaboração do pastor presbiteriano James Anderson, mentor da Constituição Maçónica que norteia até hoje as Lojas maçónicas em todo o mundo, auxiliado pelo pastor anglicano John Dèsaguliers.

Esquecem-se da importante colaboração da Maçonaria a elas próprias para se estabelecerem com os seus templos em países católicos, como no caso do Brasil, em que a Maçonaria lutou contra os interesses da Igreja Católica em favor dos protestantes, prova inconteste de que a Maçonaria não é contrária à religião e nem é religião. No Brasil imperial a religião oficial do Estado era a católica, sendo as pessoas de outras religiões consideradas inferiores. A Constituição de 1824 dispunha no artigo 5°: “A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com o seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo”.

A primeira igreja protestante que se estabeleceu no Brasil foi a Igreja Presbiteriana em 1859. Na sua história nota-se que por muito tempo esteve fazendo o seu trabalho sem quaisquer querelas com a Maçonaria. Vê-se em Anais da 1a Igreja Presbiteriana de São Paulo (1938), do historiador Rev. Vicente Temudo Lessa, que a questão maçónica foi levantada pela primeira vez em 1898 e daí para cá o assunto discutido inúmeras vezes, mas sempre com decisões sinodiais no sentido do respeito à liberdade de consciência.

Em Julho de 1903, durante a 6a reunião ordinária do Sínodo, a discussão da incompatibilidade ou não dos ensinamentos maçónicos com o evangelho cristão tomou vulto, vindo a ser proposto que o Sínodo julgasse inconveniente legislar sobre o assunto e não reconsiderasse a deliberação tomada em 1900 assim escrita: “Os símbolos e o Livro de Ordem nada dizem a respeito da Maçonaria ou de qualquer outra sociedade secreta e, portanto, é permitido a um membro da igreja ser Maçom se a sua própria consciência não o proíbe. O Sínodo reconhece o direito de cada membro ter a sua opinião a respeito, mas julga prejudicial à causa do Evangelho qualquer propaganda pró ou contra a Maçonaria, no seio da igreja”.

O Sínodo chegou ao seguinte resultado:

  1. Ficou demonstrado que a Maçonaria não é religião nem deve ser considerada como tal. A sua linguagem e o seu simbolismo não devem ser, portanto, interpretados teologicamente.
  2. Os irmãos maçons declaram terminantemente que, sendo um dos princípios básicos da dita ordem a plena liberdade de pensamento e consciência, a solidariedade maçónica não importa a aprovação de quaisquer doutrinas ou actos anti evangélicos; de quaisquer opiniões falsas em filosofia ou ciências, quer individuais, quer colectivas; do mesmo modo que a nossa solidariedade cristã com a Aliança Evangélica não significa aprovação de tudo quanto for escrito ou sancionado pelas igrejas irmãs.
  3. Porque a igreja não pode absolutamente exigir como condição de admissão e gozo dos seus privilégios senão aquilo que é exigido pela Palavra de Deus, interpretada pelos nossos Símbolos de Fé. Isto é essencial e necessário. As demais opiniões são secundárias e, por isso, o Sínodo as deixa à consciência esclarecida dos irmãos.
  4. Proceder de outro modo seria, além de tudo isso, abandonarmos os princípios básicos do protestantismo: o livre exame, a plena liberdade de consciência, e retrocedermos aos princípios medievais. Seria esquecermo-nos das tradições gloriosas do presbiterianismo, que tanto tem pugnado pela liberdade do pensamento e que tanto tem sofrido em defesa da liberdade cristã.
  5. Se o Sínodo declarasse a Maçonaria incompatível com o evangelho, colocar-se-ia em desarmonia com as outras igrejas evangélicas no Brasil e em todo o mundo, não podendo manter com elas plena comunhão, dar ou receber cartas demissórias, pois que elas não reconhecem tal incompatibilidade.
  6. Tal resolução importaria na violação dos votos de fidelidade à Confissão de Fé: “Deus só é o Senhor da consciência, que ele deixou livre de doutrinas e mandamentos humanos, de qualquer modo contrários à sua Palavra ou estranhos a ela em matéria de fé e culto. É uma traição à liberdade de consciência crer em tais doutrinas ou obedecer a tais mandamentos, a despeito da consciência. Destrói a liberdade de consciência e também a razão o exigir fé implícita e obediência absoluta e cega”. Vide Confissão de Fé, XX, Art. 2°. (Revista das Missões Nacionais, 15-08-1903, p. 1).

Em 1916, o Supremo Concílio declarou que “jamais reconheceu e nem reconhece compatibilidade ou incompatibilidade da Maçonaria com a profissão evangélica, devendo ser interpretadas nesse sentido todas as anteriores deliberações do Supremo Concílio da Igreja Cristã Presbiteriana do Brasil.” (Assembleia Geral 1916:12 – Digesto Presbiteriano, p. 113).

Em 1996, o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil resolveu:

  1. Quanto aos membros da igreja que não são maçons e aos que são maçons, sugerir que se observe o que preceitua a palavra de Deus, em textos como Actos 15; Rm 14. 1-13; 2Co 6. 14-18; Gl 6. 1-5, onde [se fala em] “acolher”, “não discutir opiniões”, “ter opinião bem definida”, “não julgar o servo alheio”, e sempre lembrar que “cada um dará contas de si mesmo diante de Deus”. Qualquer mudança de convicção seja fruto da Palavra de Deus, mediante a acção do Espírito Santo.
  2. Recomendar que, por amor à paz e à fraternidade da IPB, os seus membros se abstenham de se envolver com a Maçonaria.
  3. Reafirmar, finalmente, que é o “Espírito Santo quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8-11); que o respeito à consciência e ao foro íntimo continua sendo o apanágio da Igreja Presbiteriana do Brasil; e que a Palavra de Deus nos afirma que “Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o quanto pedimos ou pensamos conforme o seu poder que opera em nós. A Ele seja a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações e para todo o sempre. Amém” (Ef 3.20-21). (Ver Digesto Presbiteriano 1993-1997, p. 269).

Ainda hoje, a Igreja Presbiteriana do Brasil, não obstante impedir que membros maçons ocupem cargos administrativos ou litúrgicos, mantém a questão maçónica sob a responsabilidade pessoal dos seus fieis, admitindo como exclusiva questão de liberdade de consciência e impedimento legal por ferir a Constituição Federal que garante a livre associação de qualquer cidadão a qualquer associação legalmente constituída, bem como ser factor de cizânia no meio presbiteriano.

A Igreja Metodista no Brasil divulgou em 2008 uma Carta Pastoral do Colégio Episcopal tratando do relacionamento com a Maçonaria. Firmada pelo Presidente do Colégio Episcopal, Bispo João Carlos Lopes, e pelo Secretário, Bispo Adonias Pereira do Lago, diz a Carta:

“A Igreja Metodista sempre manteve relações cordiais e respeitosas e nunca negou os serviços prestados pela Maçonaria ao povo em geral. Os nossos membros maçons, na sua maioria, souberam manter as boas relações, dando e recebendo colaboração. Não há hostilidade. Em certas épocas da história, parte do clero romano foi quem viu razões para se manifestar contra e perseguir os maçons, os judeus e os protestantes. O desejável é continuar com serenidade a tarefa cristã, segundo a recomendação do apóstolo: “cada um veja como edifica” (1 Co 3.10-13), pois prestará conta dos seus actos. O/a crente metodista deve ser produtivo/a em todo o tempo e fiel até o fim a sua profissão de fé, ciente de que cabe a Deus a avaliação das nossas realizações.

O/a metodista, entretanto, deve cuidar para que os seus relacionamentos, quaisquer que sejam, não venham impedir o desempenho do ministério, conforme os dons que recebeu, e negar a sua experiência cristã e fé, através declarações ou acções. A Igreja é divina e humana, e precisa ser uma comunhão de santos que se respeitem mutuamente e cooperem para o crescimento do Reino, na multiforme graça (1 Pd 4.10) e na diversidade de formas de actuação (Rm 12.4-8; 1 Co 12.4). Em todos os locais, articulados com outros grupos ou não, os metodistas são chamados a somar, a ajudar, a dar o sabor, a exalar o perfume de Cristo (2 Co 2.15). Não somos do mundo, mas estamos no mundo (o 17.15s). (…)

Encerra a Carta com algumas recomendações aos metodistas, conforme a seguir:

  1. O Colégio Episcopal não recomenda que membros da Igreja Metodista participem de Sociedades Secretas e de Associações Religiosas que não professem os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, tampouco recomenda que os membros da Igreja Metodista façam votos nessas sociedades secretas que venham a ser uma negação da sua experiência e doutrinas básicas da fé cristã.
  2. Membros da Igreja Metodista que sejam convidados/as a participar da Maçonaria ou outra sociedade chamada secreta devem observar os compromissos a serem assumidos e verificar a sua fundamentação bíblica, teológica e doutrinária. Os pastores e as pastoras devem estar à disposição para ajudar nesse discernimento.
  3. Membros da Igreja Metodista que desejam afastar-se da Maçonaria deverão ter o apoio e a compreensão da Igreja, sem que outros maçons sejam ridicularizados ou discriminados.
  4. Orientações e aconselhamentos sobre o assunto devem ser feitos, preferencialmente, no ambiente reservado e sigiloso do gabinete pastoral.
  5. Não deve haver cerceamento da liberdade aos membros filiados à Maçonaria para a participação na Igreja e os seus órgãos, no entanto, estes não devem exercer qualquer acção discipuladora sobre metodistas não maçons. A tolerância deve marcar os nossos relacionamentos.
  6. O Colégio Episcopal incentiva a participação dos/as metodistas em instituições que promovam a fé, a paz e a justiça social, sem ferir os seus votos como membros da Igreja e sem negar os princípios do Evangelho de Jesus Cristo.
  7. O Colégio Episcopal reafirma que o Reino de Deus é prioridade para todos os metodistas. Por causa deste Reino renunciamos, santificamos as nossas vidas, perdoamos, amamos e cultivamos a unidade e a tolerância.

A nossa esperança e oração é que não somente os metodistas, mas todos os evangélicos aprofundem cada vez mais a sua sensibilidade, tendo sempre presente na mente e no coração o desafio da Palavra de Deus: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).”

Conclusão

Em artigo que publiquei no Jornal da Paraíba, edição de 11.05.2000, assim me expressei sob o seguinte título:

Pecados e Perdões

“A Igreja Católica Romana estipulava no seu catecismo o pecado cometido pelo homem, expressão individual do ser, classificando-o em venial e mortal. Era o pecado individual praticado contra Deus, de forma leve ou grave. O pecado era assim um acto pessoal. Os avanços científicos e tecnológicos vieram, porém, acrescentar àquele catecismo mais uma forma de pecado, o pecado social. Este, cometido pela colectividade, pelos grupos sociais, pelas empresas, pelas instituições. O pecado é agora também um acto social.

Neste contexto, a Igreja como instituição, formada pelo Povo de Deus, não poderia estar isenta de pecados. Até então, paladina defensora das verdades bíblicas, era infalível o seu magistério e intocável o seu poder. A sua origem divina dava-lhe a condição de santa. Vendo, porém, no curso da história, as suas faltas para com os povos, as suas culturas e tradições religiosas, os seus grupos étnicos e sociais, num exame de consciência colectivo as reconheceu como pecados. Os seus esforços humanos de superação davam-lhe a condição de pecadora. Daí porque passou a se denominar de santa e pecadora.

A missa celebrada no chamado Dia do Perdão, na Basílica de São Pedro, em Roma, no dia 12 de Março, tornou público o arrependimento das acções pecaminosas praticadas no passado pela Igreja. Embora o porta-voz do Vaticano tenha dito que o papa iria pedir perdão a Deus e não aos grupos que sofreram os seus abusos, o papa afirmou que o acto não seria um julgamento da “responsabilidade subjectiva dos cristãos que nos precederam, mas um sincero reconhecimento das culpas cometidas pelos filhos da Igreja no passado”.

Sem dúvidas, houve um grande incómodo em reconhecer-se culpada a Igreja, tanto que o papa procurou redireccionar a culpa dela para os seus próprios filhos. Contudo, houve uma profunda humildade na afirmação dessa culpa, quando também disse ele que “a confissão de pecados é direccionada a Deus, o único capaz de perdoar pecados, mas também aos homens, de quem as responsabilidades dos cristãos não podem ser escondidas”.

Confessando as culpas ou os pecados sociais da Igreja, o papa pediu perdão ao povo de Israel pelas perseguições cometidas pelos cristãos contra os judeus, pediu perdão pela divisão entre os cristãos, pediu perdão pelas hostilidades àqueles que praticam outras religiões, pediu perdão pela aplicação de métodos não evangélicos na disseminação e implantação da fé cristã, pediu perdão pelas atitudes de discriminação racial e étnica, pediu perdão pela prática de actos contra o amor, a paz e os direitos dos povos.

A Igreja, durante as recentes comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil, também na missa celebrada em 26 de Abril, em Porto Seguro, com a participação do representante papal, pediu perdão aos índios e aos negros, por ter fechado os olhos às crueldades dos colonizadores portugueses.

É admirável e estonteante, no limiar do terceiro milénio, o humilde gesto papal de pedido de perdão feito pelo Papa João Paulo II. Mas, nas confissões de culpa, o papa usou expressões genéricas de arrependimento, não se referindo explicitamente, por exemplo, às Cruzadas organizadas para a tomada de Jerusalém dos muçulmanos que deram início às guerras religiosas, à Inquisição que levou à tortura e à fogueira milhares de cristãos na Idade Medieval, aos católicos ortodoxos e protestantes que se separaram da Igreja no Grande Cisma do Oriente e na Contra-Reforma, e ao Holocausto que levou à morte seis milhões de judeus durante o período nazista.

O pedido de perdão denotou a vergonha sentida pelos erros cometidos e aparenta ser uma garantia de que não mais serão repetidos. Mas também é indicativo de que a Igreja tenha se enganado com outros eventos. Afinal, não houve compreensão da Igreja em relação a Galileu Galilei e a Charles Darwin, com as suas teorias heliocêntrica e da evolução das espécies. Nem tampouco em relação à Maçonaria que foi condenada por anticlericalismo no período da Unificação do Estado Italiano, nem em relação à Gnose, à Teosofia e à Rosa-Cruz, que têm cada uma delas uma visão particular da relação do Homem com Deus e o Universo.

Espera-se, por isto, que não só ao campo das religiões cristãs se restrinja esse pedido de perdão, mas se estenda às igrejas não cristãs, às ordens esotéricas e iniciáticas, aos variados sistemas filosóficos e teológicos de pensamento, às tradições culturais de grupos sociais minoritários e a tantas outras manifestações do conhecimento e da sensibilidade humanas.

Como disse o Santo Padre no documento intitulado “Memória e Reconciliação” que “a confissão não significa julgar aqueles que se foram antes de nós”, se não que “os cristãos de hoje não acreditam que são melhores que os seus pais, mas pretendem dizer que houve erros históricos na forma de agir”, dizer aos povos do mundo inteiro que a Igreja admite que comete erros ou pecados, está na conformidade da própria doutrina de Jesus Cristo.

Assim, o importante é que o reconhecimento dos pecados cometidos e o pedido de perdão representaram um gesto de elevada vontade ecuménica, e deverão ser o início de um processo de reaproximação e vivência respeitosa com as instituições que embora não professando os mesmos princípios teológicos, são comprometidas com a paz espiritual do homem e o bem- estar social dos povos.”

Este entendimento alcança também as igrejas protestantes, que no afã de serem detentoras da verdade bíblica, cometem também os seus pecados. O pluralismo religioso hoje em dia deve contribuir para a liberdade de consciência religiosa e de respeito às diferentes formas de pensamento filosófico, ponto focal da Maçonaria que desde os seus primórdios defende a liberdade de pensamento e os direitos humanos.

Ailton Elisiário de Sousa – Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja Maçónica do Estado da Paraíba, Antigo Venerável Mestre da Loja Maçónica de Estudos e Pesquisas Renascença n° 1 e Antigo Venerável Mestre da Loja Simbólica Regeneração Campinense n° 2. Membro Efectivo da Academia Paraibana de Letras Maçónicas e da Academia DeMolay de Letras da Paraíba e Presidente da Academia de Letras de Campina Grande. Membro Nobre Shriner do Hikmat Paraíba Clube. É professor universitário, formado em Economia, Direito e Teologia, com grau de Mestre em Economia.

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