JUSTIÇA OU VINGANÇA?
No artigo da semana passada (860 – Igualdade) o cerne era a máxima do filosofo Aristóteles (384–322 aC): “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”. Por meio da equidade, pelo senso de justiça, alcançamos a igualdade entre as partes. Para o filósofo, esta é a fórmula da justiça real.
Neste ponto, entramos no tema da semana. A justiça é caracterizada por Aristóteles como uma virtude, uma disposição de caráter que mantém a ordem integrando o direito e a moral. Há justiça quando todas as partes ficam satisfeitas. Assim, a justiça é virtude completa, pois o homem justo pode exercê-la não só em relação a si mesmo, mas também ao outro, na disposição de caráter e no direito do outro.
O Apostolo Paulo resume a questão entre aquilo que tenho por direito e o que moralmente posso ter; “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm…” (1 Coríntios, capítulo 10, versículo 23)
Em princípio, somos todos a favor do que consideramos ser o certo. Os desvios ocorrem quando a motivação da correção se dá pelo desejo de vingança. A origem da palavra vingança é vindicare, que pode representar desforra e se relaciona à vindicta – mostrar autoridade. Mas, o simples regramento sobre todas as coisas não é suficiente para eu me colocar sob os mantos da deusa grega Thêmis, guardiã da justiça.
Naturalmente, ocorrem situações de discordância entre Irmãos, próprias da vida em comunidade. Mas, a motivação para se acionar a justiça deve ter como objetivo exclusivo o reestabelecimento da ordem e da harmonia. Para nós Maçons, é de suma importância compreender que os direitos são preservados ou restituídos pelo cumprimento dos deveres.
A JUSTIÇA MAÇÔNICA NÃO SE LIMITA A MOSTRAR QUEM ESTÁ CERTO.
Ela se apresenta para corrigir equívocos ou desvios. As leis são regras que nos conduzem à prática de atos que, quando generalizados, concorrem para o bem-estar da coletividade.
A JUSTIÇA É INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO, NÃO DE PUNIÇÃO.
Se uma criança lhe chamar de feio e bobo, você usará o poder da palavra como um educador ou se valerá da força da autoridade? Na prática da justiça devemos avaliar a capacidade de discernimento daqueles com os quais nos relacionamos.
Complementando o versículo do Apóstolo Paulo: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm… mas, nem todas as coisas edificam.”
SUBJUGUEMOS NOSSAS PAIXÕES E INTRANSIGÊNCIAS PARA SERMOS DIGNOS DA JUSTIÇA.
Seguimos neste 16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.
Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!
Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grão-Mestre – GLMMG 2021/2024